Você já parou para pensar porque prefere ir no restaurante X e não Y? Ou então, porque prefere pedir comida no aplicativo A e não no B? Quais seriam os reais motivos que levam você a fazer essas escolhas?

Quando uma equipe de UX Design utiliza o Double Diamond, se propondo a avaliar e estudar cada possibilidade, o que se tem de resultado são soluções que respondem de maneira eficaz às necessidades dos usuários. Pois, explorarão de forma bem ampla os diversos problemas a serem resolvidos, e levarão em consideração o maior número de variáveis possíveis.

O que é o Double Diamond?

Encontrar a melhor solução para problemas, sejam eles de design ou não, envolve medos, dúvidas, expectativas, além da ansiedade na tomada de decisão.
E se existisse um caminho que tornasse esse processo mais ágil e mais leve?
Buscando respostas para esses problemas foi desenvolvida a metodologia chamada Double Diamond. Ela propõe um modelo diferente e criativo para resolução de qualquer problema, em qualquer tipo de empresa, seja ela focada em produto, serviço ou sistema.
Assim, essa metodologia consiste basicamente em divergir e convergir ideias para solucionar problemas, o que garante uma avaliação mais profunda e completa de um número maior de possibilidades. Ou seja, pelo Double Diamond é possível chegar em soluções mais assertivas, com um grau de confiança maior.

Double Diamond não é uma receita de bolo.

Os criadores do Double Diamond pertencem ao Conselho do Design Council do Reino Unido- instituição sem fins lucrativos do Reino Unido que defende um ótimo design que melhore vidas e experiências.
Portanto, na base do Design Council está o Double Diamond, que começa com a imersão completa em determinado problema, partindo não somente da observação, mas da vivência em si sobre o que se busca entender e estudar com o objetivo de encontrar um solução de verdade e não uma medida paliativa.
Assim, formado por quatro fases, o Double Diamond não é uma receita de bolo: é um modelo flexível e adaptável para qualquer área e necessidade. Dependendo do profissional que vai conduzir a metodologia, adaptar para o seu contexto e necessidade.
A metodologia do Double Diamond pode ser aplicado tanto no desenvolvimento de projetos de UX Design quanto para resolver problemas nas empresas, por exemplo: Os contextos podem ser diferentes, mas o objetivo continua sendo o mesmo, encontrar uma solução real e assertiva para um problema.

Qual o ambiente ideal?

Dessa forma, para aplicar essa metodologia é preciso que seja desenvolvida uma cultura de trabalho diferente para que as soluções propostas entreguem o valor esperado.
E que cultura seria essa então?
A cultura da liderança que envolve, engaja e dá espaço à experimentação ao aprendizado constante. As pessoas precisam se sentir a vontade o suficientes para discordar, concordar e expor suas opiniões de maneira mais clara possível.
Andando junto a essa cultura está o envolvimento. O desenvolvimento de conexões e relacionamentos é tão importante quanto o desenvolvimento de ideias. Então, o ideal é envolver também outras pessoas que, mesmo não participando ativamente do processo, podem colaborar e ajudar a construir a solução.

Princípios Básicos do Design e o Double Diamond.

No coração do Double Diamond estão 4 princípios básicos de design, que devem estar na essência dos utilizadores dessa metodologia. São eles:

1-Pessoas em primeiro lugar:
Sempre! O Double Diamond é desenvolvido por pessoas para pessoas. O bom velho clichê “ tenha empatia!” deve ser usado como mantra por todos aqueles que estão construindo as soluções transformadoras. Comece entendendo as pessoas que utilizam o produto ou serviço, suas necessidades e vontades;

2-Comunicação clara e objetiva:
“Tenha empatia!”. Sim, de novo. Assim, se coloque no lugar das pessoas e entenda que nem todos compreendem a mesma coisa da maneira que você enxerga. Empatia não somente com os usuários mas também, com toda a equipe, que precisa se sentir confortável o suficiente para expressar suas opiniões com clareza e ricas em detalhe, com a certeza que serão ouvidas e acolhidas. Sem essa liberdade, a criatividade fica engessada, colocando obstáculos no desenvolvimento.

3-Colabore e co-crie:
Faça, refaça, faça, refaça….e faça isso todas as vezes que forem necessárias. Aproprie-se de todos aqueles que podem contribuir para a construção da solução, até mesmo aqueles que não serão afetados diretamente. Avaliar uma solução pelos olhos de quem aparentemente não irá sentir os efeitos da sua solução é muito importante para o desenvolvimento. Iremos falar sobre isso um pouco mais a frente.

4-Iterar sem medo e quantas vezes forem preciso:
Teste sempre. Quanto mais próximo o teste da solução real, menor a probabilidade de erros. Então, busque feedbacks e refine as soluções, deixando-as cada vez mais próximas do objetivo final.
Sempre irá existir espaço para testes, respeitando as possibilidades e os recursos disponíveis para a realização dos mesmos.

Fase 1: Descobertas

Aqui é a hora de gerar o maior número de ideias possíveis. Aqui a quantidade é mais importante do que a qualidade. Dessa forma, não deixe que nenhuma pessoa da equipe julgue ou repreenda qualquer ideia. Nesse momento a máxima é levantar o maior número de problemas possível. E então, somente na próxima fase, avaliar essas ideias.
Nosso cérebro não é capaz de produzir muitas ideias e julgá-las ao mesmo tempo. Então, deixe ele somente trabalhar, nessa fase, no seu máximo no levantamento de problemas.
Busque conhecer, da maneira mais profunda, o problema, ao invés de simplesmente assumir que ele existe. Tenha certeza que de você levante os reais problemas, as necessidades profundas, e não apenas os sintomas.
Veja como a estrutura inicial do Diamante é aberta:

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E, para gerar esse maior número de ideias possíveis, o ambiente deve ser propício para tal. Então, a organização também é importante.

O espaço deve ser confortável e reservado para desenvolver, de modo que estimule a criatividade. Isso ajuda a equipe expor ideias, medos e opiniões. Se possível, até as paredes devem está disponíveis para serem utilizadas.

Organizado o espaço, agora passamos para o a observação.

A equipe deve ser estimulada a observar e registrar tudo, com fotos, vídeos e anotações. Eles devem ter em mente que nada deve passar despercebido por seus olhares.

Viva a experiência do usuário. Transforme-se nele. Ou, pelo menos, bem próximo dele.

Sinta essa experiência pelo tempo que achar necessário e a análise das amostras ficará mais fluída.

E finalmente, termine essa fase com um braisntorm. Lembre-se:as ideias devem ser ouvidas com atenção, sem qualquer tipo de julgamento.

Fase 2: Definições

Se você não sabe para aonde ir, qualquer lugar serve.

Aqui, o primeiro diamante se fecha. É hora de agrupar as ideias e responder à pergunta: Qual problema vamos resolver?

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A finalidade dessa fase é encontrar o principal desafio do projeto. Ou seja, o que é preciso resolver ou qual problema será resolvido primeiro.

Tentem levantar o motivo que está movendo todos que estão ali a encontrar uma solução: porque estão fazendo aquilo? O que pretendem resolver? O que querem melhorar?

Descubram aonde querem chegar. Ou, pelo menos, aonde não querem chegar.

Reúnam pessoas e ouça elas livremente. Estude a jornada daquele possível usuário e suas motivações. O que faz ele ir para o caminho B e não para o C?

A equipe aqui deve escolher um caminho. Mesmo que, no meio dele, ela precise voltar… Não se esqueça que o Double Diamond não é linear.

Fase 3: Desenvolvimento

Vulgo mão na massa!

Aqui, é o segundo diamante que se abre com o desenvolvimento das possíveis soluções para os problemas que foram levantados. E somente no fim dessa etapa que deverão ser avaliadas as possibilidades para que seja encontrada a solução mais adequada.

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Para isso, descubra quais são as personas e em quais cenários elas se encontram.

O time deve está sempre atendo à quantidade de cenários criados: o ideal é que se concentrem em 3 ou 4, no máximo.

Nessa fase, os protótipos já devem ser desenvolvidos e os testes iniciados. E atenção à fidelidade dos testadores: sempre que possível, os testes devem ser realizados com usuários reais. Ou seja, pessoas que de fato terão contato com aquele produto/serviço.

Fase 4: A Entrega

Chegou a hora de entregar e finalizar o ciclo do Double Diamond no projeto.

Ou não!

Como já mencionado, o processo do Double Diamond não é linear e pode começar e recomeçar várias vezes…buscando a melhoria contínua.

Essa fase consiste em realizar testes sobre as soluções que foram desenvolvidas até agora, na tentativa de entregar a melhor solução que foi encontrada naquele momento.

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Nessa fase os testes ainda são muito importantes. Teste com o maior número de pessoas possível. E, se não tiver tanta gente assim disposta a encarar o desafio de testar o que foi desenvolvido, teste com poucas pessoas mesmo.

Lembre-se sempre que testar é sempre melhor que não testar.

Feedbacks

Não é preciso dizer que o feedback é algo deve ser fazer parte de todo esse processo. As percepções devem ser ouvidas, mesmo que ninguém concorde com elas.

É com os feedbacks que são encontrados os pontos de gargalo que podem ser melhorados. E lembrando sempre que a equipe tanto precisa se sentir livre para fornecer os feedbacks quanto para recebê-los.

Além disso, continue documentando tudo, guardando desenhos, rabiscos, fotos, vídeos, todo material que foi construído no processo. Pois, bem provável que você utilize esse material ao voltar em alguma fase do diamante para buscar melhorias no seu projeto.

Por que Utilizar o Double Diamond no UX Design?

A metodologia do Double Diamond procura ir a fundo no problema, considerando o maior número de possibilidades e colocando os participantes em completa imersão, fazendo surgir disso soluções mais completas e duradouras e, muitas vezes, muito mais rápido do que você pode imaginar.

Composto por quatro momentos, é importante deixar claro que não são lineares; ao passo que se converge e diverge, por várias vezes quanto necessário, buscando-se a melhoria contínua.

Utilizar o Double Diamond permite que você retorne crie projetos que realmente solucionem problemas de seus usuários.

Essa metodologia permite uma criação livre, guiada apenas pelos princípios de convergir e divergir ideias e que tem como resultado soluções que entregam valor.